O
amor não escolhe lugar para acontecer. Não exige carro, nem casa, nem muitas
promessas. Apenas sonhos compartilhados e apoio mútuo. Era assim na simples
vida de Edna e Elivaldo.
Edna
foi separada de sua filha pelo conselho tutelar e possui vários problemas com a
promotoria, uma grande ironia em sua vida para quem um dia sonhou em exercer
tal profissão. Não por menos, disse que se hoje pudesse retornar os estudos não
faria mais Direito, mas sim Economia. A questão é que a dor da ausência da
filha é amenizada pelo companheiro, com quem divide o leito de pedra. “Esse menino aqui foi a melhor coisa que
encontrei em cinco anos”- disse ela. Estavam juntos há pouco tempo, e desde
que se conheceram Edna disse que passou a sentir alguma paz (seu maior bem,
como dito na primeira parte).
Perguntei
a Edna o que ela deseja de mais profundo para seu namorado. Ela me respondeu
que deseja “um lugar para ele se
estabilizar no meio da família”. Ficou claro para mim as razões por trás
dessa resposta quando Elivaldo me contou sobre sua relação com a família e seu
sentimento de dívida, em especial com o pai e a figura ausente da mãe.
A
vida de um casal sem-teto implica em novos obstáculos, como a falta de
privacidade. O sexo deve ser feito em lugares abandonados, escondidos de
possíveis curiosos e precavidos para não surpreender ninguém. Não é uma tarefa
fácil encontrar lugares assim…
Quanto
aos dias de chuva, Edna e Elivaldo dormem clandestinamente na garagem de uma
imigrante chinesa, e reclamam que pela manhã elas os acorda com batidas no
portão e (prováveis) xingamentos em mandarim.
Ainda
com essas dificuldades enquanto casal, além das que qualquer morador de rua
enfrenta no dia-a-dia, Elivaldo e Edna persistem na jornada em busca de
oportunidades para um dia saírem dessa precária condição. As rosas que vendem
pelas ruas carregam em suas pétalas perfumadas a esperança de florescerem para
uma nova vida.Rosas de Elivaldo e Edna |
Nenhum comentário:
Postar um comentário