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terça-feira, 28 de outubro de 2014

Capítulo III: Paz, Perdão e Paixão- Segunda parte: Perdão

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                Elivaldo, com seus 29 anos, é bem mais jovem do que Edna. Um ótimo interlocutor de voz grave que um dia sonhou em ser repórter, mas que hoje- diz ele- pensaria em ser biólogo. Sua profissão, contudo, é a de eletricista graças a sua formação no Senai. Sente muita falta de exercer o ofício e sobre isso comentou: “sinto falta do meu alicate, do meu voltímetro, do meu amperímetro.” Segundo ele, o que falta para o morador de rua é oportunidade. É o que a maioria realmente quer, e não esmola. “Nem todo mundo que tá na rua…muito pelo contrário…é uma minoria que é ignorante.” Disse ter conhecido uma sem-teto que é advogada e, antes de dormir nas praças públicas, trabalhava como intérprete e com contratos internacionais.
Elivaldo cresceu em uma grande família com a infelicidade de ter perdido a mãe aos seis anos, fazendo com que o pai criasse sozinho suas cinco filhas e seu filho. Por ser o único homem entre as irmãs, diz que sempre sentia o maior peso da responsabilidade e se lamentava por não ter cumprido seu papel.
                Questionei sobre seus desejos e, lembrando da infância, disse que gostaria de ter convivido com a mãe e que um dia pudesse retribuir o carinho do pai. Nesse momento, Edna nos interrompeu:
“Agora posso fazer uma pergunta pra ele?”
“Pode, pode sim.”- assenti.
Virou-se para Elivaldo e começou:
“E qual seria uma ação e gesto que você daria, assim, para o seu pai…ééé…pra ele ter um…uma alegria no coração e falar assim: ‘não, esse é o meu filho!!!’?”
“Ter a responsabilidade de ter um trabalho, uma casa e uma família bonita (…) Eu tenho a certeza que a maior alegria dele é me ver bem.”- respondeu Elivaldo.
Em seguida, quis saber do seu conselho.
“Por mais que seja seu melhor amigo…e te oferecer uma droga…não se deixe influenciar, porque é um caminho difícil. Eu gostaria de voltar aos meus 17 anos…”
Mas isso não era motivo para se deixar levar pela vida, e inspirado pela frase de Norman Vincent Peale, justificou: “o covarde…ele nunca começa. O fracassado nunca termina. E o vencedor nunca desiste. E eu peguei essa frase pra mim porque eu nunca desisti.”
Ao demonstrar sua religiosidade e seus conhecimentos bíblicos, fiquei curioso para saber o que ele pensava sobre as pessoas e seus erros. Perguntei-lhe se acreditava que alguém deveria ser condenado pelo resto da vida por um erro grave e se o lado negativo de alguém ofuscaria seu lado bom.
“O julgamento humano gera injustiça.”- disse. A partir daí percorreu as várias faces  do perdão e das ações humanas de acordo com os ensinamentos de Cristo e do apostolo Paulo. “Perdoar para ser perdoado.” “O perdão faz bem pra quem perdoa.” “Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém.” E tantos outros…

Afinal, qual será o significado oculto do perdão?

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